Depois de duas semanas submersa em uma história sobre as péssimas condições das pontes e cais de Amsterdã, finalmente encontro descanso e volto ao solo firme. Por dias e noites, esse assunto foi tudo em que eu pensava, escrevia e sonhava. Uma história tão densa que, depois de terminada, me senti vazia.
Falar em Itália remete às melhores sensações que podemos ter na vida: o prazer da comida, da conversa entre amigos, da união em família, do tempo livre, do momento em que nossa pele arrepia quando olhamos pela primeira vez a Santa Croce em Florença ou as ruazinhas cheias de varal de roupa em Palermo. Sem contar a cor esplêndida do Lago di Como.
Conhecer a Sicilia foi um grande sonho. Não no sentido de tanto querer e ansiedade em conhecê-la. Mas um tipo de sonho que me transportava para sensações e para uma realidade mágica nos dias em que eu estava lá, e ainda me leva de volta para uma forte e feliz nostalgia quando lembro de tudo que conheci.
Essa província de Palermo é refugio e ponto de encontro dos palermitanos principalmente aos finais de semana e feriados ensolarados. Está a 11km do centro de Palermo, fácil de chegar de carro ou ônibus. Seu mar é de um verde esmeralda que engrandece os olhos e convidativo para passear a pé como ou deitar em sua areia branquinha.
Cattedrale di Palermo: poderia me contentar em apenas ficar observando sua fachada. De uma arquitetura riquíssima com diversas formas e técnicas, representa a multiplicidade cultural tal qual é feita Palermo: romana, normanda, grega, árabe e até mesmo com um toque do barroco siciliano. Grande mistura que não poderia ter sido mais feliz.
Essa cidade é de uma beleza feia; de uma feiura bela. Embora tanta gente a considera feia, eu a tenho como uma das mais belas. Talvez seja porque consegui enxergá-la além do abandonado que tanto se vê no Centro Velho e nas construções depredadas e sofridas, marcas de antepassados de conflitos.
Seria uma ogerisa visitar a Sicilia e não provar o verdadeiro gelato siciliano. Assim como o restante da Italia faz gelatos excepcionalmente bons, como a própria região de San Gimignano, em Palermo existem gelatos de sabor pistache como jamais se provará em outro lugar do mundo.
A Sicília carrega uma longa tradição em sua confeitaria, cuja herança foi deixada por Árabes, Gregos e Espanhóis. Esta é uma das razões pelas quais suas sobremesas são ricas e variadas, feitas com ricota doce e pasta de amêndoas (ingredientes herdados dessas civilizações antigas). Particularmente, os doces que mais amo são a cassata e o cannolo.
Basicamente os restaurantes, bares e pizzarias mais interessantes de Palermo ficam no Centro Velho, conhecido como Borgo Vecchio. Há outros locais bem agradáveis que saem dessa área, mas recomendo explorar essa parte que guarda uma riqueza histórico-cultural enorme.
Palermo não é uma cidade abundante no sentido da hotelaria. Existem hoteis mais ou menos estrelados, mas eu não poderia indicá-los pois nunca me hospedei em outro local que não seja um Bed&Breakfast ou casa de amigos. Quando fui à Sicilia pela primeira vez, foi uma grata surpresa encontrar um charmoso B&B chamado BB22, cuja proprietária se tornou uma grande e querida amiga.