Dever de pai

01 de Agosto de 2020

Enquanto tomava café da manhã no adorável pátio do Hotel Pulitzer, duas cenas idênticas me chamaram atenção: pais cuidando - sozinhos - de seus filhos. Quando digo "pais", quero dizer sem mãe, nem babá ou avó por perto. Imediatamente pensei que isso não é, nem de longe, um hábito normal na América, pelo menos não em meu país.

Isso me fez perceber o que eu já havia confirmado silenciosamente para mim mesma: os papais na Europa são bem diferentes dos latino-americanos (que também poderiam incluir os italianos). Cresci em uma casa onde meu pai ajudava minha mãe em todas as tarefas domésticas: desde trocar fraldas até o supermercado e cozinhar.

Talvez porque ele foi criado vendo a sua própria mãe fazendo todas as atividades difíceis, sempre sozinha, e simplesmente não queria repetir o padrão injusto; ou talvez por ter sido um cidadão do mundo que viveu a maior parte de sua vida no exterior (sendo obrigado a cuidar de si mesmo) ou apenas porque era um homem íntegro e muito bom. O fato é que ele não era como a maioria dos outros pais brasileiros, ainda que as gerações mais jovens no Brasil estejam (felizmente) quebrando esse padrão. 

Algo realmente profundo se encaixa nesse sentido. Seria esta uma evidência que diferencia tantas culturas? Seria outro fato apontar que mães de países não católicos podem confiar mais em seus companheiros, para os deveres domésticos? As babás só encontram seu cheque de pagamento na América? E quanto à Ásia?

Seja qual for a razão, são questões antropológicas nas quais devo me aprofundar um pouco mais para entender de onde vêm e poder chegar a uma conclusão justa.

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