Você pode me chamar de antiquada, resistente e até pensar que estou apenas sendo ingênua ou desinformada sobre o que está acontecendo aí fora. Mas prefiro me descrever como insuscetível: por sinal, uma das características mais preciosas que aprecio em mim.

Nunca fui seguidora da multidão. Talvez, apenas, bem mais jovem, quando a alma imatura de uma adolescente, cheia de experiências vazias e grandes opiniões me fez "ir com o fluxo". Mas os meus quase 39 anos me ensinaram que não preciso fazer o que todo mundo está fazendo.

Posso elencar várias razões para não fazer parte do "Você-tem-que-entrar-no-Club-House"!. Em primeiro lugar, minha vida é bastante ocupada do jeito que está assim como gosto (demais da conta!) de cultivar meu tempo merecidamente livre. Em segundo lugar, o que eu menos preciso, agora, é outra rede social para agravar o estado atual da minha rotina digital. Tanto quanto eu quero e, prefiro, interações mais reais, frente a frente, em vez de aparências intangíveis e opiniões prontas para um determinado formato de mídia.

Portanto, parece inútil quando ouço argumentos afirmando que não fazer parte desta ou daquela plataforma significaria perder algo exclusivamente relevante. Não apenas posso pensar em tantas outras maneiras de nutrir meu conhecimento e intelecto, como também sei que o que todos nós perdemos chama conexão real. Apesar de um ou dois argumentos convincentes, de alguns amigos, sobre a pertinência do Club House (alegações dizem haver algumas salas de discussão adequadas ao meu perfil), ainda estou longe de ser persuadida.

Acredite em mim, pois além de trabalhar duro e estudar, tenho um zilhão de coisas pra fazer. Veja só: mergulhar em belas literaturas e revistas inteligentes; cozinhar; namorar meu marido; ligar para meu irmão e melhores amigos; praticar ioga; escrever cartas para mim mesma; convidar os colegas para tomar um café espontâneo; ouvir e dançar salsa cubana; curtir a companhia dos meus gatos; beber um delicioso vinho natural enquanto me divirto com intensidade e pra valer (não necessariamente nesta ordem). Assim que o lockdown e o toque de recolher forem suspensos, essa lista continuará crescendo...

Receio que eu não consiga encontrar nenhuma sala para este clube na minha casa.